Estudos liderados pelo campus da UFC Crateús e pelo Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR) estão analisando a contaminação por agrotóxicos em peixes do Rio Poti, nos distritos de Ibiapaba e Oiticica, no município de Crateús. A pesquisa, coordenada pelos professores Janaina Lopes Leitinho, Rivelino Cavalcante e Luisa Gardênia, reforça a importância de preservar áreas como a APA Buqueirão e avaliar os impactos de atividades humanas na região.
Segundo a professora Leitinho, o estudo considera fatores como a proximidade com áreas de mineração em Quiterianópolis, o avanço urbano em Crateús, as obras do Lago de Fronteiras e práticas agrícolas às margens do rio. “Relatos de pescadores sobre peixes com olhos diferentes levantam preocupações quanto à qualidade da água e possíveis reflexos no ecossistema aquático,” destaca a pesquisadora.
O projeto é realizado em parceria com o Laboratório de Avaliação de Contaminantes Orgânicos (LACOr/LABOMAR/UFC) e o Núcleo Integrado de Pesquisa e Inovação (NIPI) da UFC Crateús, ampliando os estudos sobre metais pesados iniciados em 2017.
Impactos ambientais e sociais
O Rio Poti, intermitente em boa parte de seu trajeto no Ceará, enfrenta agravamento da poluição durante os períodos de seca, quando a evaporação intensifica a concentração de contaminantes. Isso afeta tanto os peixes, que acumulam poluentes em seus órgãos, quanto as comunidades que dependem do rio para consumo e alimentação.
Além da contaminação direta pelo consumo de peixes, há risco de impacto indireto, já que é comum animais utilizarem o rio para dessedentação, ampliando a disseminação de poluentes.
Importância do estudo
A pesquisa oferece uma nova perspectiva sobre segurança alimentar e saúde pública na região semiárida, onde as águas do Rio Poti são uma das principais fontes de subsistência. O trabalho destaca a urgência de ações que reduzam a contaminação antropogênica e protejam os recursos hídricos e a biodiversidade local.