Depois de sete meses de espera, cerca de 6 mil pescadores artesanais no Ceará poderão finalmente receber o pagamento do seguro-defeso no valor total de três salários mínimos. No último dia 27, foi divulgada no Diário Oficial da União portaria com relação de 131 municípios cearenses pertencentes à região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental em que não há a pesca alternativa às espécies de piracema.
O benefício deveria ter sido liberado em março passado. A demora criou incertezas, gerou revolta, dificuldades e o crescimento das dívidas pessoais. Os presidentes de colônias de pescadores e os profissionais comemoraram a decisão. “Depois de uma longa espera e luta, finalmente esperamos receber esse benefício”, endossou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Evanilson Saraiva. O parágrafo 2º do artigo 9º da Portaria Interministerial nº 78, de 29 de dezembro de 2017, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e do Ministério do Meio Ambiente permite a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones (não originária) introduzidas nos açudes, rios e lagoas da região.
Novo prazo
O governo também decidiu revogar a Portaria Interministerial nº 30, de 6 de junho de 2018, da Secretaria-Geral da Presidência da República e do Ministério do Meio Ambiente, que definia novo prazo para a entrada em vigor da portaria número 78.
A mais recente portaria foi assinada em conjunto pelo ministro de Estado chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Ronaldo Fonseca de Souza, e pelo ministro do Meio-Ambiente, Edson Gonçalves Duarte.
“Finalmente a nossa luta foi vitoriosa”, disse a presidente da Colônia de Pescadores Z 54, em Quixelô, Genilda Araújo. “Há muitas famílias sofrendo, sem dinheiro e com dívidas acumuladas”. Para os pescadores, não existe como separar a captura de espécies de piracema ou não.
Entre 1º de fevereiro e 30 de abril, a cada ano, os pescadores de águas continentais, em rios, açudes e lagoas, ficam impedidos de pescar por causa do período de defeso das espécies de piracema de água doce, segundo portaria do Ibama. Por isso, há a previsão legal do pagamento em três parcelas no valor de um salário mínimo, cada, do seguro desemprego ou defeso.
A situação dos pescadores artesanais é de necessidade. “A gente não trabalhou desde fevereiro e as contas estão atrasadas nas mercearias”, disse a presidente da Colônia de Pescadores Z 41, Neide França. “O quadro é de sofrimento para todas as famílias”. Na região Centro-Sul, são cerca de mil profissionais esperam o desembolso do benefício.
Parcelas
Nos últimos anos, sempre houve atraso na liberação das parcelas do seguro desemprego, mas desde 2016, quando o encaminhamento saiu do Sine/IDT para o INSS, a situação complicou-se mais ainda, segundo avaliam os dirigentes de colônias de pescadores. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Evanilson Saraiva, o seguro-desemprego para os pescadores artesanais já foi liberado nos estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba. “De forma lamentável, no Ceará, a liberação do benefício tem atrasado em demasia e isso traz sofrimento, dificuldades para as famílias”, pontuou.
Portaria
A gerência regional do INSS em Juazeiro do Norte esclareceu, recentemente, que o seguro-defeso era regulamentado por meio da portaria 04 de 2008 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Em 29 de dezembro de 2017 houve a publicação da portaria 078 conjunta do Ministério do Desenvolvimento e do Ministério do Meio Ambiente, que revogou a norma anterior e criou novos critérios para a concessão do benefício.
Conforme a Portaria 078, o seguro-defeso só seria pago se não houvesse alternativa de pesca de espécies de não piracema e exóticas, como o tucunaré e tilápia. Em outras palavras, a norma prevê que se existe possibilidade de pesca alternativa, o benefício não deve ser pago. As colônias de pescadores esperam quem o INSS adote as medidas necessárias para a liberação do seguro-defeso em uma única parcela a partir da mais recente decisão do governo federal.
RELAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO CEARÁ PERTENCENTES À REGIÃO HIDROGRÁFICA DO ATLÂNTICO NORDESTE ORIENTAL EM QUE NÃO HÁ PESCA ALTERNATIVA
Nº |
Município |
UF |
1 |
Abaiara |
CE |
2 |
Acaraú |
CE |
3 |
Acopiara |
CE |
4 |
Aiuaba |
CE |
5 |
Alto Santo |
CE |
6 |
Amontada |
CE |
7 |
Aquiraz |
CE |
8 |
Aracati |
CE |
9 |
Aracoiaba |
CE |
10 |
Araripe |
CE |
11 |
Arneiroz |
CE |
12 |
Assaré |
CE |
13 |
Aurora |
CE |
14 |
Banabuiú |
CE |
15 |
Barreira |
CE |
16 |
Barro |
CE |
17 |
Barroquinha |
CE |
18 |
Baturité |
CE |
19 |
Beberibe |
CE |
20 |
Bela Cruz |
CE |
21 |
Boa Viagem |
CE |
22 |
Camocim |
CE |
23 |
Campos Sales |
CE |
24 |
Canindé |
CE |
25 |
Capistrano |
CE |
26 |
Caridade |
CE |
27 |
Cariré |
CE |
28 |
Caririaçu |
CE |
29 |
Cariús |
CE |
30 |
Cascavel |
CE |
31 |
Catarina |
CE |
32 |
Catunda |
CE |
33 |
Caucaia |
CE |
34 |
Cedro |
CE |
35 |
Chaval |
CE |
36 |
Choró |
CE |
37 |
Chorozinho |
CE |
38 |
Coreaú |
CE |
39 |
Crato |
CE |
40 |
Cruz |
CE |
41 |
Deputado Irapuan Pinheiro |
CE |
42 |
Ererê |
CE |
43 |
Eusébio |
CE |
44 |
Farias Brito |
CE |
45 |
Forquilha |
CE |
46 |
Fortaleza |
CE |
47 |
Fortim |
CE |
48 |
Frecheirinha |
CE |
49 |
General Sampaio |
CE |
50 |
Granja |
CE |
51 |
Granjeiro |
CE |
52 |
Guaiúba |
CE |
53 |
Hidrolândia |
CE |
54 |
Horizonte |
CE |
55 |
Ibaretama |
CE |
56 |
Ibiapina |
CE |
57 |
Ibicuitinga |
CE |
58 |
Icapuí |
CE |
59 |
Icó |
CE |
60 |
Iguatu |
CE |
61 |
Independência |
CE |
62 |
Ipaporanga |
CE |
63 |
Ipu |
CE |
64 |
Iracema |
CE |
65 |
Irauçuba |
CE |
66 |
Itaiçaba |
CE |
67 |
Itaitinga |
CE |
68 |
Itapagé |
CE |
69 |
Itapipoca |
CE |
70 |
Itapiúna |
CE |
71 |
Itarema |
CE |
72 |
Itatira |
CE |
73 |
Jaguaretama |
CE |
74 |
Jaguaribara |
CE |
75 |
Jaguaribe |
CE |
76 |
Jijoca de Jericoacoara |
CE |
77 |
Juazeiro do Norte |
CE |
78 |
Jucás |
CE |
79 |
Lavras da Mangabeira |
CE |
80 |
Limoeiro do Norte |
CE |
81 |
Madalena |
CE |
82 |
Maracanaú |
CE |
83 |
Maranguape |
CE |
84 |
Marco |
CE |
85 |
Massapê |
CE |
86 |
Milagres |
CE |
87 |
Miraíma |
CE |
88 |
Morada Nova |
CE |
89 |
Moraújo |
CE |
90 |
Mucambo |
CE |
91 |
Nova Russas |
CE |
92 |
Ocara |
CE |
93 |
Orós |
CE |
94 |
Pacajus |
CE |
95 |
Pacatuba |
CE |
96 |
Palmácia |
CE |
97 |
Paracuru |
CE |
98 |
Paraipaba |
CE |
99 |
Parambu |
CE |
100 |
Paramoti |
CE |
101 |
Pedra Branca |
CE |
102 |
Pentecoste |
CE |
103 |
Pindoretama |
CE |
104 |
Piquet Carneiro |
CE |
105 |
Pires Ferreira |
CE |
106 |
Potiretama |
CE |
107 |
Quiterianópolis |
CE |
108 |
Quixadá |
CE |
109 |
Quixelô |
CE |
110 |
Quixeramobim |
CE |
111 |
Redenção |
CE |
112 |
Russas |
CE |
113 |
Saboeiro |
CE |
114 |
Santana do Acaraú |
CE |
115 |
Santa Quitéria |
CE |
116 |
São Gonçalo do Amarante |
CE |
117 |
São Luís do Curu |
CE |
118 |
Senador Pompeu |
CE |
119 |
Senador Sá |
CE |
120 |
Sobral |
CE |
121 |
Solonópole |
CE |
122 |
Tamboril |
CE |
123 |
Tarrafas |
CE |
124 |
Tauá |
CE |
125 |
Tejuçuoca |
CE |
126 |
Trairi |
CE |
127 |
Umirim |
CE |
128 |
Uruburetama |
CE |
129 |
Uruoca |
CE |
130 |
Varjota |
CE |
131 |
Várzea Alegre |
CE |
(Com Diário do Nordeste)