O professor da Escola Profissionalizante de Tamboril Luiz Rogean é autor da crônica abaixo, que realiza uma homenagem á criança síria que morreu afogado no mar da Turquia.
”O barquinho de papel tem formas geométricas tão simples que quando uma criança tenta fazer provoca nela turbilhões de emoções; daí percebemos a beleza de um sorriso infantil, sorrir é um gesto nobre principalmente quando ele vem cheio de pureza e é realmente esta pureza que está faltando nos conflitos na Síria por conta de um poder sem mensuras.
Hoje ao me deparar com a imagem daquele corpinho carregado por um policial veio na mente a dor que as várias crianças e suas famílias vem sofrendo na Síria; saindo as pressas de seus lares para não terem suas vidas ceifadas por balas, além de tudo isso fazer uma travessia no mar em condições sub-humanas . Os direitos universais inerentes a vida estão sendo desprezados, parece que as histórias de conflitos no oriente que estudamos nas escolas ou assistimos nos filmes resolveram vir para a realidade.
Pensei em tantas coisas, pensei nas várias crianças que irão fazer a travessia no mar com um grito na garganta pedindo socorro. Gosto de ouvir o grito de crianças brincando, correndo e se divertindo. Hoje as crianças Sírias querem apenas viver o que viviam antes, saborear os frutos do seu país, ir para suas escolas aprender o que a vida não lhes ensinou. Pensei nos meus filhos! Chorei de verdade pelas crianças encontradas mortas no mar da Turquia. Indignei-me com os países ricos principalmente os da Europa que bloqueiam a entrada de gente sofrida pela guerra, escutei meu coração em uma prece, falei baixinho com Deus e chorei novamente.
Queria que a aquarela de Toquinho acontecesse mesmo na vida real e torná-la símbolo de uma vida sem conflitos e poder cantar para as duas crianças o trecho da música: Um menino caminha e caminhando chega no muro e ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está.”