A 45 dias para o fim da atual quadra chuvosa a situação do nível dos reservatórios é preocupante no Estado, embora tenha ocorrido aumento no volume médio no Ceará em relação ao mês passado. Três açudes estão sangrando: Gavião, em Pacatuba; Tijuquinha, em Baturité; e Barragem do Batalhão, em Crateús. O volume atual acumulado em média nos 149 açudes monitorados pela Companhia de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (Cogerh) é o mais baixo dos últimos dez anos (20,3%).
Dificilmente, haverá recarga significativa nos reservatórios até o fim do próximo mês, segundo previsões da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). O próprio presidente do órgão já admitiu essa possibilidade.
“Após o fim da quadra chuvosa será feito um balanço da situação em cada bacia hidrográfica e definições sobre a liberação de água para consumo humano e irrigação nos reservatórios monitorados”, explicou o assistente técnico da presidência da Cogerh, Gianni Lima. “De um modo geral, as reservas de água atendem a demanda de consumo humano até 2016”.
Os técnicos do governo acompanham diariamente a evolução no nível dos reservatórios. Em março passado, o volume médio acumulado em 11 bacias hidrográficas era de 19,2%. Atualmente é de 20,3%. No início deste ano, segundo dados da Cogerh, os reservatórios acumulavam em média um volume de 20,95% e em abril de 2014 era de 27,5%. O volume atual é o mais baixo dos últimos dez anos.
Em 2005 era (71%); em 2006, (70,5%); em 2007, (62%); em 2008, (85,8%); em 2009, (96,1%); em 2010, (79,4%); em 2011 (85,2%); em 2012 (71,1%); em 2013, (48,6%) e em 2014, (32,5%). Os dados da Cogerh mostram que desde 2010 que o índice vem caindo seguidamente.
No total, 116 açudes permanecem com volume inferior a 30%. A bacia hidrográfica em situação mais crítica permanece a dos Sertões de Crateús que acumula 4,51. No início deste ano, acumulava 0,6%. A bacia do Baixo Jaguaribe está com 1,70% e a do Curu, com 3,0%. O quadro também permanece grave na Bacia do Banabuiú que tem volume médio de 5,68%. O quadro mais confortável é na Bacia do Alto Jaguaribe que tem volume médio de 38,20%. A Bacia do Salgado acumula 23,34% e a do Médio Jaguaribe, 20,98%. A Bacia do Coreaú está com 24,81% e a do Litoral, com 15,17%. Bacia Metropolitanas com 27,29% e a da Ibiapaba, 23,22%. A do Acaraú tem 13,86%.
O assistente técnico da Cogerh, Gianni Lima, disse que, com o aumento do volume no Açude Gavião e outros reservatórios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), houve melhor segurança hídrica para a Capital cearense. O mesmo ocorreu com a cidade de Crateús a partir do transbordamento da Barragem do Batalhão. Apesar de ser um reservatório pequeno, é estratégico para o fornecimento de água para os moradores da área urbana. Gianni Lima fez um levantamento dos reservatórios que fornecem água para centros urbanos por meio de adutoras de engate rápido que foram instaladas pelo governo do Estado nos últimos dois anos.
Segundo ele, a maioria dos reservatórios dispõe de água até o fim de 2016. “O primeiro cuidado que tivemos para instalar essas adutoras foi verificar a fonte hídrica, o tempo de reserva de água”, explicou. “Não basta apenas olhar o percentual de volume. É preciso verificar a capacidade do açude, pois um volume elevado em um reservatório pequeno significa pouca coisa”.
A situação mais crítica atualmente é em Potengi, nos açudes Monte Belo e Pau Preto. As reservas de água só asseguram fornecimento até o fim deste ano. Apesar do açude Araras, em Varjota, acumular apenas 8,9% e abastecer as cidades de Varjota, Novas Russas e Crateús, por meio de adutora emergencial, o abastecimento perdura por mais um ano, segundo Gianni Lima.
“Fizemos um ajuste e Sobral agora é abastecida por Jaibaras e Taquara, evitando o uso de água do açude Araras”, frisou o Lima. O açude General Sampaio que abastece além da cidade de mesmo nome, Canindé, Caridade, Paramoti, Apuiarés e alguns distritos, obteve uma sobrevida de mais oito meses. “Temos reserva até o fim de 2016”, frisou Gianni Lima. O volume atual do reservatório é de 4,14%.
Acumulado
No final da quadra chuvosa passada, o volume acumulado nos açudes monitorados pela Cogerh era de 32,21%. Neste ano, se não houver recarga significativa e a julgar pelos índices verificados no decorrer deste mês, é provável que ao final da atual quadra invernosa (maio), o volume médio permaneça bem aquém do verificado no mesmo período de 2014. A situação, sem dúvida, é preocupante.
O governo do Estado investe na perfuração de poços profundos nas áreas urbanas, evitando o colapso no abastecimento em várias cidades. Há sete anos, a média anual de perfuração de poços era de cerca de 100 unidades. Hoje esse número passou a ser mensal.