A mulher da foto é a dona Isabel, moradora do assentamento Monte Alegre, em Tamboril, mesmo diante do terceiro consecutivo de seca, ela fala do seu quintal produtivo como quem anuncia milagre em meio a seca: “Ainda temos horta e animal. Aqui tá todo mundo pagando suas dívidas em dia”, orgulha-se. E logo em seguida ergue o queixo para explicar que as 27 famílias que moram na comunidade são privilegiadas porque ainda resta quase um quinto da água do açude que conseguiram com o governo depois de fazer muito protesto em Fortaleza. “Meu pai nasceu e morreu na agricultura, mas nunca pôde dar um passo pra frente porque toda vida foi morador de patrão. Só que comecei a me envolver com movimento social da Igreja e descobri que nós tinha que se organizar e garantir nossa vida. Hoje, graças a Deus, meus filhos não sabem o que é passar necessidade”, diz.
Parte da produção de legumes, hortaliças e os ovos retirados das galinhas que criam são vendidos para o governo por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Foi assim que economizaram para comprar colchão bom, televisão e moto e que agora vêm conseguindo sobreviver aos três últimos anos de seca, não sem antes ter a pele marcada pelo sol quente de pouca chuva.
Neste quarto ano de seca, como aponta o prognóstico, a produção foi reduzida porque a água vem secando. “Nossa sorte é os programas sociais. Bolsa Família quase todo mundo tem aqui. Pessoal diminuiu a produção pra não estragar tanta água, aí a gente vem mantendo esse controle”, A esperança dele para este Quinze está nas experiências que aprendeu com o avô, o sonho do inverno todo baseado no feijão-brabo que vem lutando para segurar na terra e no relâmpago que clareou o céu no setembro passado.
(Matéria Divulgada pelo Diário do Nordeste no dia 13/02/2015)